Na busca por alternativas sustentáveis e inovaçõesna biotecnologia vegetal, uma pesquisa inédita desenvolvida em São Paulo promete transformar completamente a função da cana-de-açúcar — uma das culturas agroenergéticasmais importantes do Brasil. O projeto de pesquisa inédito, ao qual o pesquisador Dr. Alison Schmatz é integrante, tem como objetivo desenvolver linhagens de cana-de-açúcar transgênicas produtoras de moléculas alvo de interesse comercial para utilização na indústria farmacêutica, cosmética e de alimentos.
Além de açúcar e etanol, moléculas de alto valor agregado com aplicação farmacológica e industrial.
Cana-de-Açúcar como Plataforma Biotecnológica
A pesquisa propõe a inserção de fragmentos de DNA exógeno, oriundo de
plantas como arroz, sorgo, alfafa e Setaria viridis, na cana-de-açúcar. Com essa modificação edição genética, a planta teria uma alteração na sua biossíntese
durante o seu desenvolvimento, produzindo substâncias que não são encontradas naturalmente em cana-de-açúcar. Essas substâncias denominadas moléculas alvo, são compostos aromáticos de alto valor agregado, que poderiam ser extraídas e utilizadas em múltiplas aplicações biotecnológicas devido as suas propriedades antioxidantes e antimicrobiana, além de ser matéria-prima na fabricação de cosméticos, produção de biocombustível de aviação e de bioplastico, que também pode ser utilizado na produção de biomateriais para fortalecer a agricultura.
Todo esse pool de moléculas alvo atualmente são produzidas a partir de derivados do petróleo. A produção em larga escala dessas moléculas alvo a partir de uma cultura agroenergética como a cana-de açúcar poderia reduzir a dependência de produtos de origem fóssil, contribuindo com a preservação e manutenção do meio ambiente.
“O Brasil é o maior produtor e consumidor de cana-de-açúcar no mundo e já possui toda a infraestrutura e logística necessária para o plantio, colheita, pós-colheita e processamento, o que tornaria a aplicação dessa inovação não apenas viável, mas altamente estratégica para o desenvolvimento do país”, comenta o pesquisador.
A alteração nas vias biosintéticas da cana-de-açúcar, também pode alterar o fluxo de carbono durante o desenvolvimento da planta, reduzindo teores de lignina, o que resultaria numa variedade mais suscetível ao processo de hidrólise enzimática, etapa fundamental na produção de etanol de segunda geração a partir da biomassa.

Por Que a Cana?
Outras culturas vegetais vêm sendo estudadas para fins sem
elhantes em países como os Estados Unidos, mas a cana-de-açúcar apresenta uma série de vantagens:
- Alta produtividade de biomassa
- Colheita em ciclo de 18 meses
- Cultura já consolidada no país
- Estrutura logística e tecnológica estabelecida
Esses fatores tornam a cana uma excelente candidata para receber esse caráter multipropósito, ampliando seu papel na matriz energética e biotecnológica nacional.
Tecnologia e Pesquisa: Aliadas no Cultivo Científico
Em paralelo ao desenvolvimento científico, Dr. Alisom destaca o uso de tecnologia aplicada ao cultivo experimental como ferramenta essencial para o controle e registro das atividades de campo. Para isso, ele utiliza o aplicativo Kaktu, apresentado por um amigo e que, segundo ele, se tornou um aliado indispensável no acompanhamento diário das plantas cultivadas em casa de vegetação.
O app funciona como um diário de cultivo digital, onde são registradas ações como regas, podas, aplicações de inseticidas, adubação e outros manejos. Além disso, permite o monitoramento preciso das necessidades das plantas, evitando perdas e reduzindo custos operacionais.
“O App Kaktu é útil para qualquer pessoa que cultiva plantas, seja um pesquisador, um paisagista, um botânico ou apenas um entusiasta de jardinagem. Ele facilita a rotina, ajuda na organização das tarefas e permite até mesmo o compartilhamento de informações entre usuários que cultivam plantas semelhantes. É a tecnologia na palma da mão”, destaca o pesquisador.
Um Futuro Sustentável que Brota da Terra
As pesquisas com a cana-de-açúcar como biofábrica verde ainda estão em estágio inicial, mas abre caminho para uma revolução verde que une ciência, agricultura e tecnologia. Com o apoio de ferramentas digitais e a estrutura já consolidada da agroindústria brasileira, a iniciativa pode representar um novo capítulo na história da cana-de-açúcar, agora, não apenas como fonte de energia, mas também de inovação.